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🏘 Entre casas, memórias e encontros

"Sonhei que cuidava de uma casa com minha irmã. Ríamos, tomávamos sorvete de máquina, nos sentíamos livres. Só depois percebi que havia uma câmera filmando — mas talvez não captasse o que era mais verdadeiro: o afeto leve, sem máscaras.

O dono da casa chegou. Mostrou seus guardados, como se abrisse gavetas da alma. Um ator do passado, que ficou tocado por eu me lembrar dele. Me senti vendo alguém de verdade, e sendo vista também.


Depois, estava na casa da minha avó, com as duas famílias reunidas — algo que nunca aconteceu. Era confuso e bonito. Enquanto todos conversavam, eu lavava louças difíceis, gordurosas, como as experiências da infância. Heranças que tentamos limpar por dentro.


Em outro momento, na igreja, uma celebração. Era aniversário do meu tio que chegou atrasado e todos os olhares o focaram. Pessoas se despediam de um ciclo, e eu ficava observando quem ia, quem ficava, quem se escondia por trás dos gestos. Às vezes, sentimos algo forte, mas aprendemos a não demonstrar — por medo de não caber.


Acordei com a sensação de estar reunindo pedaços de mim: a que cuida, a que ri, a que observa em silêncio. A que sente demais, mas nem sempre fala.

Talvez escrever seja minha forma de unir essas partes — e deixar que elas respirem".


Nesse sonho, podemos perceber uma parte que busca alegria, cumplicidade e leveza nos vínculos íntimos. O sorvete é símbolo de prazer e doçura emocional. Estar com a irmã mostra o desejo de reconectar com vínculos mais puros e infantis. A câmera pode simbolizar o medo do julgamento, o olhar externo que vigia. Mas o fato de ter risadas e brincadeiras mostra a libertação desse medo e se permitir mais espontaneidade.

O dono da casa representa um aspecto mais maduro, criativo e experiente de mim mesma. Os objetos no armário são partes de histórias guardadas — inclusive memórias valiosas. A surpresa por reconhecê-lo mostra o desejo de validar o passado e ser reconhecida também.

A reunião das famílias é uma imagem simbólica de integração de aspectos familiares e emocionais. Pela primeira vez, há união entre materno e paterno, o que indica cura de conflitos internos e busca por pertencimento. Enquanto os outros se divertem, eu lavo a louça — talvez refletindo a sensação de ainda carregar pesos antigos mesmo em momentos bons.

O momento na igreja representa a exposição involuntária, o embaraço público, mas também a aceitação — como se o erro fosse acolhido. Quem sabe um desejo inconsciente de ser recebida com amor mesmo com falhas.


Reunir os pedaços internos é um passo fundamental no processo de autoconhecimento e cura. Ao reconhecer e acolher as diferentes partes de si mesmo — a que cuida, a que sente, a que observa — damos espaço para que emoções e experiências antes reprimidas possam ser expressas e integradas. A escrita surge como uma poderosa ferramenta para unir essas partes, permitindo que elas “respirem” e que o eu se fortaleça. Esse movimento simbólico promove maior equilíbrio emocional e autenticidade na vida cotidiana.


2 comentários

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nininha_iron
30 de jul.

Gostei das reflexões, estão me ajudando a pensar sobre minha vida toda! 👍😍

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Convidado:
30 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Muito profundo e curativo

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